Renan desiste do seu plano de presidir Senado

Dilma Rousseff obteve uma proeza: fez desandar o plano de Renan Calheiros de retornar à presidência do Senado em 2013. Em privado, o líder do PMDB informa aos amigos que não vai mais entrar na disputa pela cadeira de José Sarney, que encerra seu quarto ciclo de comando em fevereiro do ano que vem.

 

Renan declara agora que deseja apenas “influir” na escolha do nome, que sairá dos quadros do seu PMDB. Alega que precisa concentrar-se noutra prioridade: a candidatura ao governo de Alagoas. Lorota. A eleição alagoana só ocorrerá em 2014. A presidência do Senado seria, em tese, uma vitrine conveniente.

 

Em verdade, deve-se a Dilma o reposicionamento do senador. Num universo em que a franqueza política é vista como sincericídio, a presidente informou a Renan que não o queria na cadeira de Sarney. Disse-lhe que, limitando suas ambições ao governo de Alagoas, teria as engrenagens do governo a seu favor.

 

A conversa ocorreu na época em que Dilma retirou de Romero Jucá (PMDB-RR) o posto de líder do governo no Senado, entregando-o a Eduardo Braga (PMDB-AM). Desde então, Renan matutava sobre o que fazer. Concluiu que, se comprasse a briga, os custos seriam certos e os benefícios duvidosos.

 

Na coluna dos prejuízos, Renan incluiu sobretudo a inevitável reativação do noticiário sobre as razões que o levaram a renunciar à presidência do Senado em 2007. Retornaria às manchetes o caso do socorro financeiro que recebeu de uma empreiteira para bancar o filho que tivera com uma amante.

 

Ressuscitaria o passado que deseja esquecer sem dispor da certeza de que prevaleceria na bancada do PMDB, hoje uma tribo em que o número de caciques é maior do que o de tabas. Na legislatura passada, Renan e Sarney manejavam as bordunas sem contestações. Agora, há uma multiplicidade de tacapes.

 

Almejam a cadeira de Sarney pelo menos três projetos de cacique desse PMDB renovado do Senado: Eduardo Braga (AM), Vital do Rêgo (PB) e Eunício Oliveira (CE). Dilma injetou na briga um quarto nome: Edison Lobão (MA).

 

A presidente calculou que, devolvendo Lobão ao Senado, se livraria dele no Ministério de Minas e Energia fingindo que afagava Sarney, padrinho político do ministro. De quebra, inibiria a fome de poder de Renan. Picado pela mosca azul, Lobão ganhou asas. Se puder, Renan irá podá-las.

 

Ao dizer que deseja “influir” na escolha do substituto de Sarney, Renan informa que não se considera morto. Quer provar que, embora já não disponha da infantaria do passado, não é um general sem tropa. Evita declinar o nome de sua preferência. Quem o escuta Renan intui que ele só exclui do seu rol de alternativas Eduardo Braga.

 

As articulações para a sucessão de Sarney encontram-se, por ora, em sua fase embrionária. A coisa só vai esquentar depois do segundo turno da eleição municipal, em outubro. Renan cuida de puxar, desde logo, suas fichas. Logo, logo vai-se saber o tamanho do seu cacife.

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