Em nota, José Agripino não comenta resultado da eleição estadual

agripino

O presidente do DEM, senador José Agripino, emitiu nota sobre os resultados deste domingo (27), mas ele não se reportou à eleição estadual.

“O resultado das eleições consagram Aécio Neves como líder e a oposição como força política, que fala pela metade do país. Com altivez e espírito público, ele conduziu a oposição ao seu melhor resultado em doze anos. O governo que se inicia em primeiro de janeiro já começa em contagem regressiva. A oposição vai exercer o seu papel, procurando unir o país, mas sem perder de vista o protagonismo de combater os erros com determinação, responsabilidade e energia”, disse Agripino.

Robinson Pires

O império do oportunismo na política potiguar: discursos falidos

Por Modesto Neto*

 

O atual momento político brasileiro e potiguar tem peculiaridades que redimensionam o jogo político e o tabuleiro eleitoral. Nas últimas eleições presidenciais, embora os escândalos de corrupção tenham freqüentado os jornais cotidianamente, não havia o acumulo de tanta insatisfação do povo como hoje. Nas últimas duas décadas não tínhamos vivenciado manifestações de rua como as que eclodiram em junho do corrente ano. Os manifestos que tiveram seu estopim a partir da problemática do transporte público com o aumento das passagens reverberaram muitas insatisfações e inquietações da população com os gargalos do serviço público e a endêmica corrupção brasileira.

A corrupção que no Brasil parece ser uma cultura herdada da colonização portuguesa e os graves problemas nos serviços públicos é o reflexo do que ocorre no país e nas democracias burguesas: um imenso abismo entre o povo e o poder. Uma classe dirigente e dominante mantém o país nos trilhos do capitalismo e neste sentido as democracias burguesas estão para nós como uma santa de altar de onde não se espera mais milagres, como diria o escritor português José Saramago. No Oriente a “Primavera Árabe” é demonstração que os regimes ditatoriais estão fadados ao fracasso assim como as democracias burguesas estão fadadas ao contentamento como aponta o professor e cientista político Homero Costa em artigo intitulado “As manifestações e a crise de representação política no Brasil” ao afirmar que “uma das poucas certezas é a de que vivenciamos uma crise de legitimidade das instituições e um profundo mal-estar com a democracia existente no país. O problema central, portanto, me parece ser o da falta de legitimidade das instituições de representação. Há um esgotamento e uma descrença nelas que não é específica do Brasil, mas das democracias representativas de uma maneira geral” (Blog Substantivo Plural, 2013).

No Rio Grande do Norte, especificamente, o calor das ruas colocou em xeque-mate a aparência de “político e gestor moderno” do prefeito da capital, Carlos Eduardo Alves, nos debates e embates protagonizados entre os setores populares estudantis e o Poder Público em torno da questão do transporte público. No plano estadual foi protocolado na Assembléia Legislativa o pedido de impeachment da governadora Rosalba Ciarlini Rosado, assim com existe o apontamento de que o pedido seja submetido a votação. Este definitivamente é um acontecimento inédito e que entra para os anais da história potiguar já que da colonização a democracia potiguar esta é a primeira vez que, de fato, um governante em nível de Estado sofre o perigo real de uma deposição.

Na maré de incertezas políticas que apenas cresceu a partir das Jornadas de Junho do corrente ano, o que podemos perceber é que os discursos da classe política dominante no RN são mediados única e exclusivamente pelo oportunismo. Temos no Rio Grande do Norte o império do oportunismo que se traduz em falas e posicionamentos da classe dominante.

Historicamente o estado potiguar foi conhecido por ser um reduto político da família Alves que trás na sua práxis política a alma e a essência perfeita de um coronelismo “moderno” que sobreviveu ao fim da República Velha parecendo herdar da família Albuquerque Maranhão a mesma cede de poder, adentrou pela democracia burguesa e instituiu o PMDB como instrumento representativo de seus interesses. Uma legenda cartorial que serve como objeto para os fins políticos do clã. No Oeste potiguar a dinâmica é a mesma, mas o sobrenome é outro: Rosado. Esta família, assim como os Maias e Farias são parte de um conluio que divide com alternâncias o poder político nas terras potiguares. O Partido dos Trabalhadores – PT, que nos anos 80 do século passado servia como contraponto a esta lógica hoje confraterniza com os setores do conservadorismo político potiguar e brasileiro e participa – sem pudor – dos jantares servidos pelas velhas oligarquias.

Neste cenário os discursos dos postulantes ao Governo do Estado transparecem como a expressão acabada e fiel do oportunismo político e eleitoral. Todos – Wilma do PSB, Garibaldi Filho, Henrique Alves, Walter Alves, Fernando Bezerra do PMDB, o neo-oposicionista Robinson Faria do PROS e o petista Fernando Mineiro – repetem a mesma ladainha sacramentada de que o Governo do Estado é inoperante, incompetente e inaugurou um período de caos no Rio Grande do Norte. Isto qualquer criança ingênua de 12 anos é capaz de afirmar, contudo, o que eles se esquecem de afirmar é que o Governo Rosalba nada mais é do que um desdobramento de um modelo político patriarcal, oligárquico, conservador e retrogrado que perdura há anos no RN. O que eles esquecem de falar é que se “vendem” como heróis da pátria, sem citar que carregam o sobrenome e as práticas da gênese do problema. Sendo assim, apenas um partido de oposição à ordem – PSOL, PSTU, PCB – são capazes de apresentar um projeto alternativo que destoe do que há décadas é apresentado como solução para o RN.

Como diria Winston Churchill “uma mentira dá uma volta inteira ao mundo antes mesmo de a verdade ter oportunidade de se vestir”, neste sentido, cabe aos partidos que representa de forma real os interesses de trabalhadores e estudantes acordar na madrugada e vestir-se mais cedo. Os discursos dos outros já faliram. 

 

*Modesto Neto é professor e historiador.